"O nosso tempo de ser atleta é este, não pode ser outro"
O terceiro e último painel do dia do Fórum FADU, reuniu José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, Ricardo Morgado, director técnico nacional de canoagem e Pedro Seabra, andebolista e recém-licenciado em medicina. As dificuldades em praticar desporto conciliado com os estudos foram a tónica principal do debate, mas Pedro Seabra fez questão de vincar que: “Quero passar a mensagem de que é possível conciliar as coisas”.
O andebolista do ABC de Braga que se sagrou já campeão nacional de andebol e que foi eleito o jogador do ano em 2015/2016 deu o mote para o debate, defendendo que muitas vezes "são os sonhos que nos fazem superar barreiras e ir mais além" e explicando que no desporto a cultura não vai mudar "enquanto não for considerado uma mais valia para o país".
Apesar de compreender "as instituições que não têm um trabalhador a tempo inteiro e quando têm vem cansado", Pedro Seabra diz que "o nosso tempo de ser atleta é este, não pode ser outro. A vida desportiva é curta”, acrescentando ainda que terá "oportunidade de ser médico toda a vida, mas para ser desportista tem que ser agora” e salientando que "quantos mais exemplos tivermos de carreiras duais com sucesso, mais esperança traz".
Ricardo Machado, vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem e director técnico nacional, considera que "valorizar o papel do atleta-estudante cabe às instituições académicas", lamentando que "no fim de cada edição dos Jogos Olímpicos se discuta um bocadinho o desporto e se chegue sempre à conclusão de que o problema é a escola".
O presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, corroborou esta tese, lamentando a "falta de ação" e afirmando que "a redução da importância da Educação Física tem um valor simbólico muito maior do que a medida em si", sem no entanto deixar de dizer que espera que "o futuro seja mais risonho para as gerações futuras, ainda que essa evolução seja muito lenta".