À conversa com Fernando Parente

Fernando Parente foi eleito no passado mês de novembro para o cargo de assessor no Comité Executivo da Federação Internacional do Desporto Universitário (FISU). O diretor desportivo dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (UM) e também docente é já uma habitual figura do desporto universitário (DU) tanto a nível nacional como internacional. Paralelamente ao seu trabalho a serviço da UM, Parente é membro da Comissão do Desporto Para Todos do Comité Olímpico de Portugal, desde 2012, secretário da Comissão de Controlo Internacional da FISU, desde 2008, e membro do Comité Executivo da Associação Europeia de Desporto Universitário (EUSA), desde 2012.

 

 

25 anos de trabalho no Desporto Universitário

Como se envolveu no mundo do desporto universitário?

A relação com o DU deu-se desde os primeiros tempos de faculdade, em 1988, a colaborar e a participar nas iniciativas da AE do Instituto Superior de Educação Física do Porto (posteriormente FCDEF e agora FADEUP). Acabei por integrar a AE, curiosamente através de um convite que foi feito ao mesmo tempo, a mim e ao Duarte Lopes, atual quadro da Universidade de Lisboa e que recentemente liderou o grupo de trabalho criado pelo governo para a “Carreira Dual”. Nos anos seguintes tive uma progressão associativa que me levou a Presidente da AE, Direção da Federação Académica do Porto (FAP) e a Vice-Presidente da FADU. Foram momentos de grande envolvimento e intensidade. O DU estava a virar uma nova página com a criação da FADU no início dos anos 90.

 

Como caracteriza o DU de há 25 anos? Como estava organizado?

Havia, no final dos anos 80, três grandes polos universitários e três grandes clubes que concentravam a atividade do DU: o Centro Desportivo da Universidade do Porto (CDUP), a Associação Académica de Coimbra (AAC) e o Centro Desportivo da Universidade de Lisboa (CDUL). A atenção dada ao DU por parte destes clubes (muito vocacionados para o desporto federado) era quase inexistente e, com o aparecimento das novas IES e suas AAEE, tudo se começou a colocar em causa, inclusive a Federação Portuguesa de Desporto Universitário (FPDU). A FPDU acabou por ser extinta e deu lugar à FADU, embora este processo não tenha sido muito pacífico, nomeadamente porque CDUL e CDUP deixavam de ser associados, dando o seu lugar à AAL e FAP que acabavam de ser criadas nesta altura, embora no caso do CDUP a situação de bloqueio não se tenha registado. Os anos 80 e 90 foram difíceis, nomeadamente de afirmação do DU, pois todos os “líderes de opinião” do desporto em Portugal, em regra, passavam uma imagem muito negativa do DU e, na maior parte dos casos, eram pessoas que teriam passado por este fenómeno e alguns com grande influência no passado e neste tempo, em termos de desenvolvimento desportivo. Esta última situação sempre me incomodou muito, mas nunca deixei de acreditar que a prática desportiva dos estabelecimentos de ES pudesse ser uma realidade valorizada e bem aceite. Felizmente, já após a criação da FADU, a U.Porto criou um grupo de trabalho com o objetivo de desenvolver o desporto nesta Universidade, nomeadamente na criação de programas, eventos e apoio às AE. Foi com este grupo de pessoas que mais aprendi e estou seguro que este programa, influenciou muito o que temos hoje em dia em muitas academias e mesmo no que a FADU viria a ser a partir desse momento.

 

Como viu a FADU surgir?

Embora não estando diretamente envolvido na criação da FADU, acompanhava de perto “os trabalhos”. A FADU aparece por motivações de representatividade democrática de todo o movimento associativo e de uma vontade em mudar o ambiente que se vivia nesta altura. A FPDU era uma federação de “gente” envelhecida com a qual os dirigentes associativos não se revia, que não estava motivada para a competição desportiva universitária e prática regular de todos os estudantes do ensino superior. Os responsáveis e muitos dirigentes dos três grandes clubes universitários tinham interesses muito particulares nas suas modalidades federadas e instalações dos três Estádios Universitários e tentaram por todos os meios travar a mobilização das AE, no entanto, a AAC e em certa medida o CDUP facilitaram o processo, assim como o Governo no que tocou à representatividade internacional da FADU na FISU por “troca” da FPDU.

 

Quais os principais desafios do DU atualmente?

Evoluímos muito nos últimos 25 anos, no entanto, penso que a afirmação do DU passa pela criação de serviços desportivos nos estabelecimentos de ES, com instalações próprias e técnicos qualificados, que trabalhem em proximidade com as AE e em estreita cooperação com todos os agentes desportivos locais e regionais, fundamentalmente para aumentar a quantidade e qualidade da prática desportiva. Ao nível da FADU penso que é necessário o desenvolvimento de parcerias com todo o movimento desportivo federado no sentido de haver um trabalho de complementaridade na calendarização de competições, promoção da prática desportiva e desenvolvimento estratégico no âmbito do alto rendimento desportivo e carreira dual. Neste último ponto, sabemos que a FADU tem feito um esforço tremendo, mas que muitas vezes não é correspondido, erradamente, por parte de algumas federações.

 

A AAUM/UM tem alcançado muitos sucessos no DU. Como explica este crescimento deste clube da FADU no DU nacional e internacional?

O projeto na UM tem 21 anos. O sucesso explica-se fundamentalmente porque os decisores do processo de desenvolvimento têm estado alinhados num conceito de “desporto para todos”, qualidade de prática e relação com os agentes desportivos. Todos os Reitores, Administradores para a Ação Social e Presidentes da Associação Académica têm trabalhado e cooperado com o objetivo de valorizar todos os membros da academia e a afirmação desportiva da Universidade. É um processo já de longa data, sempre em constante construção, mas que procura mais e melhores desportistas e com valorização da experiência académica dos seus estudantes.

 

 

Carreira Académica

Estudou no Porto, Lyon, Minho, Madrid e Lisboa. O que despertou a sua vontade para frequentar todas estas formações?

Tive a sorte de entrar no ISEF do Porto e ter excelentes professores que me passaram bem a mensagem de que a formação é um processo inacabado. Fui apanhando oportunidades após concluir a licenciatura, como o 1º Mestrado de Gestão das Organizações Desportivas patrocinado pelo Comité Olímpico internacional e algumas pós-graduações mais específicas no âmbito da Gestão do Desporto que me deram um excelente conhecimento e contactos com colegas que foram e têm sido fundamentais para a minha aprendizagem (inacabada).

 

Atualmente encontra-se a fazer Doutoramento em Desporto. O que foca a sua tese?

O estudo que desejo terminar tem a ver com a relação entre a prática desportiva e o sucesso académico e vem na continuidade do estudo que fiz no segundo mestrado na UM. É uma área que me fascina e que espero que traga resultados consistentes, tal como outros estudos realizados a nível internacional e que indicam que a prática desportiva é um fator de influência positiva sobre a “carreira” e vivência académica dos estudantes do ensino superior.

 

É professor de Gestão do Desporto, que dificuldades encontra esta área em Portugal? Que mudanças são necessárias fazer na organização do Desporto português?

Pontualmente vou dando aulas e ações de formação na área da gestão do desporto, obriga-me a estar atualizado. Não temos evoluído muito no nosso modelo de organização desportiva, diria mesmo que temos estado quase parados. O desporto português para melhorar os seus índices de participação e resultados internacionais necessita fundamentalmente de organização, de acabar com sobreposições de responsabilidades na fase da formação desportiva do atletas, maior exigência nos resultados na disciplina de educação física e desporto escolar, maior responsabilização da atividade dos agentes desportivos. Necessitamos de objetivos, metas a médio e a longo prazo, se não as tivermos não haverá avaliação… não haverá evolução.

 

 

 

DU internacional

Organizou vários eventos internacionais em Portugal. O que motivou as várias candidaturas (desde 1998 até agora)? Sente que Portugal é reconhecido internacionalmente como um bom país anfitrião?

As organizações que já recebemos são trabalho de muita gente, fundamentalmente de voluntários com compromisso sério e com grande motivação, este tem sido o fator de sucesso. O saber receber bem, comunicar bem os eventos, ter tido um excelente apoio da FADU, das Câmaras Municipais de Braga e Guimarães, da Reitoria, dos SASUM e AAUM tem proporcionado excelentes condições para bem receber os participantes e proporcionar condições acima dos requisitos exigidos por EUSA ou FISU. Portugal hoje é reconhecido na instância internacional por organizar eventos de forma excelente.

 

Acompanhou várias delegações de Portugal às Universíadas de Verão. Considera que Portugal tem apostado nas modalidades certas?

Portugal tem participado muito bem e em regra com as modalidades mais motivadas para o desenvolvimento desportivo. As Universíadas e os CMU’s são os melhores momentos para dar experiência aos atletas que estão em percurso para o alto rendimento. Por outro lado as Federações Desportivas, e muitas vezes os clubes, têm que perceber que há vida para além do desporto e têm que facilitar a integração académica dos seus estudantes e viver a experiência de participar em eventos desportivos universitários. A FADU tem tido um trabalho notável de motivar todas as federações a participar nestas competições, mas infelizmente a resposta por parte de algumas não tem correspondido às expectativas.

 

Foi eleito, em 2012, para a Comissão Executiva da EUSA. Qual a motivação da sua candidatura?

Em 2012 fui convidado pela FADU para arriscar uma eleição para a EUSA. Penso que estava na altura de arriscar, após estar 4 anos na Comissão Internacional de Controlo da FISU. A motivação tinha mais a ver com o facto de Portugal dar um excelente contributo e a FADU ser sempre das federações mais ativas e não ter uma voz neste centro de decisão para poder influenciar de forma decisiva algumas questões que achamos que têm que ser melhoradas. Na diversidade dos parceiros existem fantásticos exemplos com os quais podemos aprender e adaptar ao nosso país. Por outro lado temos a oportunidade de debater a situação atual, poder melhorar e influenciar questões que se traduzam em desenvolvimento para a FADU e para Portugal. O posicionamento internacional de representantes portugueses é absolutamente fundamental e deve ser encarado como uma forma de pressão para melhorar e para que o País ganhe com isso. Se todos os portugueses que estão em organismos internacionais assim pensarem Portugal vai melhorar e muito, tenho absoluta certeza.

 

 

Foi eleito para a FISU, onde já era membro e secretário da Comissão Internacional de Controlo. Em que consiste o cargo de assessor? O que espera desta experiência?

 

Espero levar para a FISU as questões fundamentais e das quais nunca nos deveremos esquecer, nomeadamente o que deve ser prática desportiva dos estudantes do ES, a valorização do trabalho dos dirigentes locais, nacionais e Federações Desportivas Universitárias e como não poderia deixar de ser, a qualidade e visibilidade dos programas e eventos da FISU. Como assessor terei assento no Comité Executivo para debater todas as questões gerais da FISU e a participação mais específica em comissões de natureza estratégica e de desenvolvimento. Em fevereiro será decidida a composição das diferentes comissões e aí sim, teremos uma ideia mais clara dos projetos  desenvolver e metas a alcançar. Para já fica prometido muito trabalho, a valorização da FADU e de Portugal.

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