Sara Duarte e o início de um amor à primeira corrida
Escola Superior de Enfermagem do Porto que foi chamada à Seleção Nacional Universitária para competir no Mundial Universitário de corta-mato, começou no atletismo por influência do avô e não mais parou. Do amor à primeira corrida, aos dias em que representa Portugal ao mais alto nível, a felgueirense está pronta para honrar a sua paixão.
Começou no atletismo por influência do avô, que foi presidente da União Desportiva de Várzea, em Felgueiras, um dos melhores clubes a nível de formação na altura em que Sara Duarte, agora atleta do Sporting Clube de Braga, começou a dar os primeiros passos. ‘Foi o meu avô que acabou por me desafiar a entrar na minha primeira competição. Na altura foi até numa onda de brincadeira e acho que se pode dizer que foi amor à primeira corrida, porque desde aí não mais parei’. Depois da passagem pela da União Desportiva de Várzea, Sara foi atleta do Sporting Clube de Portugal, passou pela Associação Cultural e Desportiva de S. João da Serra, e representa atualmente as cores do clube bracarense.
‘A verdade é que eu não me lembro de mim sem a corrida. Participei em todos os campeonatos escolares e universitários que me foram possíveis’, disse, ela que conta no currículo com seis participações em Campeonatos Nacionais Universitários, quer seja de corta-mato, pista coberta ou estrada. Dessas participações resultaram três medalhas: ouro em 2021 nos 3000m (onde bateu o recorde nacional universitário), prata em 2018 na prova de estrada, e bronze em 2019, também nos 10 km estrada. ‘Os adversários que apanhamos nos universitários acabam por ser os mesmos dos campeonatos federados, são sempre boas experiências e oportunidades para competir. Depois da pandemia há ainda mais a necessidade de competir e é sempre bom termos mais oportunidades’. Para o Campeonato Mundial Universitário de corta-mato, marcado para este sábado, tem noção de que vai competir numa disciplina que não é a sua especialidade, mas leva a missão de ‘dar o melhor pelas cores do nosso País’ e acredita que se vai ‘viver um bom ambiente’, sobretudo porque a prova se realiza em Aveiro.
Além de uma atleta de mão cheia, Sara é também uma enfermeira dedicada, algo que denuncia pela forma como fala da sua escolha em termos profissionais. ‘Desde pequenina sempre quis ter uma profissão em que pudesse chegar ao fim do dia e dizer que ajudei alguém. Tenho também um certo fascínio pela área das ciências e biologia… o meu primeiro objetivo era entrar em Medicina, fiquei a quatro décimas e acabou por surgir a Enfermagem. Hoje em dia penso que ainda bem que isso aconteceu porque acabei por me apaixonar pela Enfermagem’. Um curso que exige, desde o primeiro ano, a frequência de estágios, oferece ainda mais dificuldades na hora de programar a agenda semanal. ‘Neste momento eu já sou enfermeira, já exerço, e estou inscrita numa pós-graduação. Posso dizer que não é nada fácil conciliar tudo, principalmente quando já se atingiu um certo nível no atletismo, que é o caso. Faço dois treinos por dia, todos os dias. É treinar, vir fazer o turno, e voltar a treinar’, contou, a meio de uma pausa de turno. ‘Quando se gosta daquilo que se faz, tudo se aguenta!’. A agitação do dia a dia deixa pouca margem de manobra para os que lhe são mais próximos, mas isso é visto com a naturalidade de quem sempre conviveu com a rotina de atleta. ‘Não tenho tanto tempo para a família e amigos como gostaria, mas eles compreendem, apesar de acharem que sou maluca!’
Depois da tempestade, veio a bonança
Com um percurso assinalável no que a participações nacionais e internacionais diz respeito, Sara destaca um momento importante no seu desenvolvimento pessoal. ‘O Campeonato Nacional de juniores em 2018 foi uma competição que me marcou, porque aconteceu após um período muito difícil. No ano anterior tinha sido submetida a uma cirurgia muito complicada, que teve a ver com rotura de ligamentos, e tive também a morte de uma pessoa muito próxima nesse ano. A conquista desse título fez-me pensar que depois da tempestade vem a bonança’.