Rafael Lopes ansioso pela estreia a representar Portugal
Faltam três dias para o Campeonato Mundial Universitário de corta-mato. E se a ansiedade geral faz parte, para Rafael Lopes a ansiedade é ainda maior. Será a estreia absoluta em Seleções para o estudante-atleta do Politécnico do Porto (P.Porto), que até sugeriu um autocarro vindo de Gaia, para trazer todos os que querem presenciar esta sua conquista.
Com duas mãos cheias de participações em Campeonatos Nacionais Universitários, entre pista coberta, ar livre e corta-mato, Rafael Lopes, estudante de Ciências do Desporto na Escola Superior de Educação do P.Porto, só tem boas recordações desses momentos. ‘Na primeira vez que participei fui para ver como era, nunca tinha participado e não sabia. Fui, gostei, e depois quis participar mais vezes. Gosto de participar porque os universitários que vão, geralmente, não estou com eles no meu dia a dia. Apesar de sermos todos do atletismo, treinamos em sítios diferentes e não temos a oportunidade de nos juntar. Quando acontece, o ambiente de convívio entre todos é incrível, do Politécnico do Porto somos muitos e isso acaba por ser um grande incentivo’. Em junho do ano passado, os anos de participações culminaram na conquista da prata, em Leiria, nos 5000m.
A frequentar Ciências do Desporto, descanso é conceito que o nortenho conhece por força de uma rotina exigente, mas com o qual fica em dívida algumas vezes. ‘O meu curso ainda é mais complicado de conciliar com os estudos porque tenho muitas aulas práticas. Por semana, neste momento, estou a ter seis horas e meia de aulas práticas. É cansativo’, referiu, brincando com o facto de não ser poupado pelos professores.
‘A escolha do curso teve a ver com o facto de ter noção de que o atletismo não vai durar para sempre. Vai chegar uma altura em que vou ter de abandonar, e como fui para o atletismo por incentivo de uma professora, gostava de vir a fazer isso no futuro, incentivar outros miúdos’. Apesar do ensino ser uma vertente que o atrai, não descarta a possibilidade de o conciliar com a vertente do treino. ‘Ensinar é uma coisa que quero muito. Claro que chegando lá a minha perspetiva pode mudar, mas é uma coisa que quero, também numa perspetiva de conseguir conciliar ensino e treino. Há quem consiga fazê-lo e eu também gostava de tentar. Mais tarde, quando já for barrigudo, talvez possa ter um cargo de dirigente num clube, não sei!’, vaticinou em tom de brincadeira.
Sendo de um curso de desporto, tem a compreensão e apoio dos companheiros de turma, que lhe gabam a disponibilidade para adaptar-se à sua realidade em termos de agenda. ‘Os meus colegas, sobretudo quando veem que eu tenho bons resultados ou por exemplo nesta chamada à Seleção, ficam contentes porque sabem do esforço que tenho de fazer, não só na vertente desportiva, mas também a nível académico’ começou por dizer, ele que está no segundo ano e a frequentar algumas cadeiras do terceiro, fruto das equivalências proporcionadas pela frequência de um TeSP (Cursos Técnico Superior Profissional), que, entretanto, não prosseguiu. ‘A minha média não é muito alta, anda nos 14 valores, e faço por ser melhor. Eles, por exemplo, estudam na semana que antecede o teste, eu estudo com mais antecedência. Até me dizem que se começassem a estudar com um mês de antecedência tinham 20! Para mim funciona assim porque com o treino, o descanso… tenho de estudar com bastante antecedência para conseguir acompanhar’, disse.
A chamada inesperada para se estrear com as cores do seu País
Confessando alguma descrença na sua convocatória, é com ânimo que fala do seu estado de espírito por ter sido chamado à Seleção Nacional Universitária (para competir na prova individual), sendo a sua estreia absoluta por Portugal. ‘Fiquei muito contente, não estava à espera porque fiz algumas contas e achei que não. Mas por não fazer bem as contas é que fui para desporto e não para matemática!’, brincou, deixando antever um forte apoio vindo de Vila Nova de Gaia, de onde é natural. ‘Quando soube, fiquei radiante! É a primeira vez que vou representar a Seleção e ser cá em Portugal e em Aveiro faz com que seja um sonho tornado realidade! Vem a minha família, amigos… acho que o melhor até será vir um autocarro!’
Com boas expectativas para as vivências e memórias que o evento, organizado localmente pela FADU, em conjunto com a Associação Académica da Universidade de Aveiro e a Universidade de Aveiro, é com os pés assentes na terra que fala dos objetivos desportivos. ‘Quero divertir-me, não tenho objetivos de classificação porque também não sei qual será o nível de rendimento dos outros estudantes-atletas. Estamos a falar de um nível internacional e não tenho grande ideia, mas espero que corra tudo bem e, como sempre, vou dar o meu melhor!’