Em Portugal para representar as cores nacionais com a família presente
Laura Taborda saiu de Portugal sozinha, com apenas 20 anos, para viver o seu ‘american dream’ e agora está de volta para representar o seu País. A atleta de 23 anos, estudante-atleta pela Eastern Kentucky University, irá participar no próximo sábado na prova individual do Campeonato Mundial Universitário de corta-mato, realizado em Aveiro. A família estará presente para a apoiar, numa prova em que ela quer mostrar que em casa ‘mandamos nós’.
Natural da Covilhã, Laura Taborda concilia os estudos com o treino, sendo uma das atletas selecionadas para representar as cores nacionais, em Aveiro, dentro de poucos dias. Competir no Campeonato Nacional Universitário de Corta-Mato é a ‘desculpa’ perfeita para atravessar o Atlântico, e regressar dos Estados Unidos, onde está há três anos a estudar Design Gráfico e a competir pela Eastern Kentucky University.
‘Fui para a Universidade de Arquitetura em Lisboa, depois vim para os Estados Unidos, estou cá desde setembro de 2019. Temos a NCAA (National Collegiate Athletic Association), que é comparável à Associação Europeia, e temos um nível competitivo muito alto nas provas universitárias. Notei grande diferença, mas sei que para ser melhor, tenho de competir com os melhores’, começou por dizer a futura designer, que encontrou outra realidade em terras de Tio Sam. ‘Todos os meus professores sabem que estou a competir pela universidade e se tiver de faltar porque vou competir isso é encarado como normal, não é visto como tratamento especial’. Com o término do curso previsto para maio deste ano, Laura pensa já nos próximos passos a nível académico. ‘Na Universidade de Lisboa comecei por estudar Design geral, aqui estou em Design Gráfico, estou a gostar e está nos planos fazer mestrado para complementar este curso, talvez em Comunicação mais voltada para Marketing ou Publicidade’.
Ouro em Leiria pela AEFA
Em Portugal, representou a Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura (AEFA) nas competições universitárias, tendo arrecadado uma medalha de ouro em maio de 2019 nos 3000m obstáculos em Leiria, e ficado apurada para a Universíada de Nápoles, acabando por não participar. A atleta do Sporting tem agora a oportunidade de dizer ‘presente!’ a uma prova universitária internacional, com a aliciante extra de ser em casa. ‘Competir em Portugal é uma oportunidade ótima e fiquei muito contente por ser selecionada, até porque não fiquei apurada para o europeu de cross, que aconteceu no final do ano passado’ contou, sem esquecer a oportunidade de poder estar perto dos familiares e amigos. ‘Foi uma boa surpresa, a minha família vai estar a assistir e por isso quero corresponder às expetativas não só da minha família, mas também de quem acreditou no meu valor para estar nesta competição. Quero corresponder às expectativas, uma competição internacional em Portugal é sempre diferente, estamos em casa e temos de mostrar quem é que manda!'
Apesar de ter muitas participações nacionais e internacionais no currículo, há uma prova que a marcou e que destaca com naturalidade, a ida à Suécia para participar no Europeu de sub-23. ‘O momento que mais me marcou foi em 2019, quando participei no meu primeiro Campeonato da Europa de ar livre. Tive mínimos para ir aos 3000m obstáculos e fui a essa prova, mas não consegui passar à final porque caí na última vala e fiquei em último da minha série. Foi um grande desgosto ver que não estava, ainda, ao nível das raparigas dos outros países. Eram melhores do que eu e custou-me bastante, mas ao mesmo tempo deu-me força e motivação para continuar a treinar e acreditar em mim’. As lesões e percalços comuns à vida de atleta são apenas ferramentas no entender da jovem beirã. ‘Sou muito motivada para aquilo que quero e quando acontece alguma coisa que parece que me vem empurrar para trás, acabo por virar isso a meu favor e usar como motivação mais tarde’.
A decisão de ir para fora do País aos 20 anos, sem qualquer rede, foi uma oportunidade que reconhece como importante a vários níveis e as saudades são encaradas com naturalidade. ‘Vim sozinha para os Estados Unidos, não tinha cá ninguém, nem tinha na altura a real dimensão de como são as coisas aqui. Naturalmente que tenho saudades da minha família e gostaria de ir a Portugal mais vezes’, disse, reconhecendo que o facto de ter uma vida muito ativa acaba por esbater o sentimento que a distância provoca. ‘A rotina leva a que esteja sempre muito focada em treinar e ir às aulas, acaba por se tornar mais fácil. Estou focada em me tornar melhor porque foi para isso que vim e também pela oportunidade de estudar aqui’.