Campeão? Muito bem, mas agora vou ali ser pai!

Artur Completo foi por quatro vezes campeão nacional universitário de ténis pela AEISEG – duas vezes na competição individual e noutras tantas na de equipas – e numa dessas participações, em novembro de 2019, jogou sempre na iminência de ser pai. E foi. Hoje, no Dia do Pai, recorda esse episódio com nostalgia.

 

 

Dos muitos momentos que a vida já lhe proporcionou enquanto atleta e na sua vida pessoal, houve um em que as duas vertentes se cruzaram e que Artur Completo jamais esquecerá. Um dia cheio de adrenalina e emoção que começou cedo. Esse momento remonta a novembro de 2019, altura em que se disputou o Campeonato Nacional Universitário de Ténis equipas, no Centro de Ténis de Monsanto. A competição começou dia 27 e o parto da filha de Artur estava marcado para dia 28. No primeiro dia a equipa da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Economia e Gestão (AEISEG), uma das equipas favoritas, passou às meias-finais, que se realizaram no dia seguinte. ‘Ganhamos os primeiros jogos com relativa facilidade, mas não deu para fazer tudo seguido porque quando se perde há sempre quadro B e acho bem, porque há mais jogos. Mas acaba por atrasar. Na altura isso não era do meu interesse porque queria acabar o mais rápido possível e jogar até ao fim da competição’, contou.

 

 No dia seguinte é que as coisas complicaram. ‘Já estava programado a minha filha nascer no dia 28 de novembro. A minha namorada tinha de dar entrada no hospital logo de manhã, entre as 9/10 horas. E os jogos das meias-finais começavam às 10 horas, então fui deixá-la à Clínica de Santo António dos Cavaleiros. Era a primeira vez, não tinha experiência nenhuma, e quando são partos induzidos demora algumas horas. Deixei-a lá, sozinha, sabendo que ia chegar família - e nem meia hora demorou até chegar gente -, mas eu fui-me logo embora’, descreveu, como quem já passou por essa página de memórias repetidas vezes. Artur entrou no court e a ansiedade era tal, que o jogo singular nº1 terminou num ápice e com uma vitória clara. Terminada a partida, mais uma chamada para atualizar o ponto de situação. Ao início a ideia dele, que chegou a partilhar com os companheiros de equipa, era fazer os primeiros jogos do dia, ajudar até ser possível, e ir embora. Não foi isso que aconteceu. ‘Fomos para o par decisivo, entretanto liguei à minha namorada, ela disse que estava tudo bem e disse-me para jogar’. A AEISEG passou à final e mais uma chamada. Do outro lado disseram-lhe que a filha Maria ainda não tinha dado sinal verde. ‘Após esse jogo não fui logo embora, liguei novamente e já estavam lá a minha mãe, sogra e avó, na altura não havia pandemia e podia estar lá gente a acompanhar. Então fiquei mais um bocadinho’. Esse bocadinho tinha em vista o jogo que decidiria os campeões dessa época. A hora da final foi negociada, com uma boa dose de fairplay da equipa adversária. ‘A NOVA passou à final, eu falei com o árbitro, que já conhecia há muitos anos de outros torneios, para ver se podíamos antecipar o jogo e ele disse que sim, caso a equipa da NOVA concordasse. Eu expliquei a situação e foram todos muito compreensivos, cinco estrelas’. Mas as peripécias não ficaram por ali e eis que S.Pedro entra em campo, ou melhor, no court. ‘Era final à melhor de três, já estávamos prontos para jogar e… começa a chover!’. Nesse momento Artur acreditou que já não poderia participar no momento decisivo da competição, ele que era um elemento fundamental na equipa. ‘Pensei que já não houvesse hipótese, não iria esperar que acabasse de chover e os campos secassem. Mas fui ligando e eles diziam-me sempre que podia ficar mais um bocado. Demorou algum tempo, mas acabamos por jogar os dois e ganhar’. Na última vez que ligou, já com o título de campeão assegurado, a mãe disse-lhe que teria de ir ‘porque ela [a namorada] já estava cheia de dores’. Perante uma história de tamanha resiliência e empenho, a FADU deu também uma ajuda e, embora o terceiro lugar não estivesse ainda apurado, o troféu foi entregue logo no momento, com todos os elementos da equipa. A Maria soube esperar, só nasceu depois do pai subir ao pódio, e eram onze da noite quando veio ao mundo.

 

Maria (Sharapova) Completo?

Nascida num dia em que o pai conquistou o ouro numa competição de ténis, o futuro de Maria enquanto tenista pode estar escrito nas estrelas. O pai gostava. ‘Se ela gostar terei todo o gosto em ajudá-la e apoiá-la, mas se não quiser também está à vontade, mas gostava que ela jogasse’, confessou. Com um ano e três meses, a pequena Maria conta com o mesmo apoio que Artur teve dos pais. ‘Os meus pais nunca me pressionaram para ter qualquer tipo de resultados no ténis, queriam simplesmente que eu fosse feliz e enquanto eles me pudessem ajudar a fazer o que eu gostava, era isso que importava’, recorda, desejando o mesmo em relação à primogénita, que até já tem nome de tenista de topo.

 

 

Do ténis aos estudos no ISEG

Virado para o desporto desde os quatro anos, muito por incentivo dos pais, Artur Completo começou a dedicar-se mais ao ténis a partir dos oito anos, em Peniche. As raquetes colheram a sua preferência e os pais não lhe cortaram as asas. Dos 16 aos 21 dedicou-se com algum afinco e foi durante esse período que viveu algumas das experiências que mais o marcaram, nomeadamente uma participação no Quénia. Em termos desportivos conseguiu entrar para o ranking internacional – ganhou dois torneios individuais e um a pares em sub-18 - e em termos humanos deparou-se com um grande fosso cultural. ‘Muitas pessoas na rua, a dormir no chão, e a comida… eu até nem sou muito esquisito, mas não conseguia comer. Foi uma realidade mais extrema que me marcou’. Outro dos momentos que sublinhou foi quando jogou no Estoril Open: ‘joguei três vezes, mas a primeira foi marcante’. O espanhol Rafael Nadal é o seu ídolo no ténis. ‘A maior parte gosta muito do Federer e eu gosto mais do Nadal. Gosto da maneira dele estar em campo, tem muita atitude, e em termos de jogo tem o estilo com o qual eu mais me identifico’.

 

A partir dos 21 anos, começou a licenciatura no Instituto Superior de Economia e Gestão, e deixou o ténis para segundo plano. Por incentivo dos pais e vontade própria, ingressou no ensino superior: ‘Queria tirar um curso e na altura via que o meu ténis podia melhorar, mas via também que fazer vida disso, ser profissional, estava um bocadinho longe'. Não seguiu desporto na vertente académica por se querer valorizar noutra área, e tem somado algumas conquistas. Seguiu Matemática Aplicada à Economia e à Gestão porque ‘estava ligada a matemática e tinha muita empregabilidade’, e foi um dos vencedores do Management Challenge, um concurso do ISEG, que lhe deu acesso à pós-graduação em Gestão de Bancos e Seguradoras. ‘Gostei muito da experiência porque tivemos direito a um estágio na Caixa Geral de Depósitos e gostei de conhecer a área da banca’. Está agora no último ano do mestrado em Finanças, onde está a ‘consolidar conhecimentos’.

 

 

Quatro vezes campeão nacional universitário

Professor de ténis em part-time, Artur vai sempre arranjando tempo para as competições universitárias. Soma quatro medalhas de ouro em Campeonatos Nacionais Universitários (duas de equipas e duas individuais) e o ISEG distinguiu-o como atleta do ano 2020. ‘Quem joga pela faculdade, normalmente não o faz com tanta intensidade e profissionalismo, talvez por isso tenha sido mais fácil ser campeão em 2016’, começou por dizer, referindo a evolução que notou ao longo dos anos. ‘Com o tempo foi mudando, agora a NOVA tem dois atletas que treinam a tempo integral, tal como um atleta que jogou pela nossa equipa do ISEG, e isso é bom para o ténis universitário porque traz mais nível. Nos Estados Unidos, o ténis universitário é muito forte – houve uma altura em que também tive bolsas para ir para os EUA – e muitos atletas acabam por deixar aqui o profissional e continuar lá na universidade, a treinar todos os dias e a um nível muito bom’. Na opinião do estudante-atleta a melhoria do nível competitivo está também relacionada com a possibilidade de participar em competições internacionais como os Jogos Europeus Universitários. ‘Os eventos internacionais chamam os melhores atletas a participar’.

 

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