FADU: 31 anos, 31 histórias

A Federação Académica do Desporto Universitário celebra esta terça-feira o seu 31º aniversário. Desde o seu nascimento, a 2 de março de 1990, muitas foram as histórias colecionadas por quem fez ou continua a fazer parte da família do desporto universitário em Portugal. Vivências memoráveis de diversão, glória ou de pura emoção, que nunca serão esquecidas. Aqui ficam algumas dessas histórias, contadas por quem as viveu no terreno.

 

 

‘O episódio que mais me marcou passou-se em Taipé, com a Marta Onofre. No dia da final do salto com vara, marquei a hora de saída – com tudo controlado porque tínhamos o horário dos transportes – e quando chegamos à paragem estava lá um autocarro parado. Perguntamos se ia para o estádio principal e o condutor disse que sim. A viagem era de cerca de 40 minutos. A meio do caminho percebemos que o trajeto era diferente do habitual. O condutor enganou-se e seguiu a rota que ele costumava fazer, sendo que naquele dia estava escalado para outro percurso. Imaginemos que a competição era na zona da Expo e o senhor nos estava a levar para Sintra. Foi mais ou menos isto que aconteceu. Ia mais gente enganada naquele autocarro, mas a Marta era a única atleta que ia competir. Desespero total. Saímos do autocarro, tentámos pedir carro da organização, mas como tudo é muito rigoroso e a barreira da língua não estava a ajudar, optámos por tentar um táxi comum. O primeiro que parou não falava inglês e à segunda tentativa lá conseguimos explicar o que pretendíamos. Pelo caminho, a Marta foi-se equipando dentro do táxi, porque não íamos estar a tempo nem do aquecimento, e quando chegamos ao estádio, ela começou a correr e entrou direto para a pista. Não houve tempo para câmara de chamada, nada. Eu, com a história de pagar ao taxista e tratar disso com a organização, quando me despachei fui a correr para a bancada, quando lá cheguei já estava a Marta a competir. Não falhou um único salto – conseguiu a melhor marca dela naquele ano em ar livre, 4.40 - teve uma prestação brilhante e ganhou a medalha de bronze.’

Pedro Pinto, treinador de atletismo que integrou as comitivas das universíadas de Gwangju 2015 e Taipé 2017

 

‘Na vila universitária da Universíada de Shenzhen, em 2011, tínhamos imensas condições para passar o tempo. Uma delas era o programa educativo onde podíamos aprender a escrever caracteres chineses ou a falar o básico. Já depois de passar toda a azáfama dos primeiros dias de competição e treinos, eu, o presidente e o médico da delegação conseguimos lá passar. Sentamo-nos em frente à professora para aprender a falar, motivados. Como a entoação na leitura de cada letra é fundamental para a correta leitura e poder comunicar o básico, iniciamos a lição. Recordo que alguém filmava (e ria) enquanto eu tentava a primeira letra. Tentei o à, o á, o há, o hã, o a, o hah, o aha, o aaah, o haaa... E cada vez que tentava, a professora, atenta e resiliente, tentava corrigir dando ela própria a entoação que esperava ouvir deste lado. Fiquei no A.’

Duarte Lopes, secretário geral da FADU em 2000 e 2001, chefe de Missão às universíadas de Belgrado 2009 e Shenzhen 2011

 

 

 

‘O apuramento norte das coletivas dos primeiros Campeonatos Nacionais Universitários, no ano de 1990, foram organizados pela FADU, na minha academia, em Coimbra. Com o apoio do Magnífico Reitor, o Dr. Rui Alarcão, a organização da logística estava a correr bem, até que comecei a tratar do alojamento e percebi que ninguém conhecia a FADU, nem lhe dava crédito. A resposta que recebia era: «Ó Rui, para a AAC é só dizeres, mas o que é isso da FADU? Ainda se fosse para o fado!» Sem pagamento adiantado nada feito. Os apoios do governo ainda estavam demorados (burocracias) e era preciso inventar. Contactei o professor Pedro Lynce, Diretor-geral do Ensino Superior, para lhe pedir apoio e no dia seguinte estava a pagar os quartos. Bem-haja a ele pelo seu enorme apoio à FADU.’

Rui Fonseca, presidente da Comissão Instaladora da FADU

 

‘Na gala da FADU em 2009, no Casino de Espinho, estava nomeado para melhor atleta masculino. E na altura que estavam a anunciar o vencedor estava sem sapatos porque estavam muito apertados. Nem me preocupei em calçá-los porque nunca me passaria pela cabeça ganhar. No entanto lá surgiu o meu nome como vencedor, tive de me apressar a calçar e vestir a parte de cima do fato, porque já estava só de camisa. No discurso de agradecimento não disse nada de jeito.’

Adriano Paço, estudante-atleta de Voleibol pela AEFADEUP e de Voleibol de Praia pela U.Porto, integrou ainda a Seleção Nacional Universitária de Voleibol

 

‘Uma das coisas que nunca me vou esquecer na minha relação com a FADU foi a forma como ela começou. O primeiro evento que fui apresentar – e já conto vários – decidi entrar na sala no Centro de Congressos do Estoril de fato de treino e gorro. Ninguém sabia quem era aquela pessoa que tinha entrado ali, estavam todos a olhar para mim de forma desconfiada, até os seguranças do evento! Até eu ter subido ao palco, e ter despido o fato de treino. Por baixo tinha o meu fatinho e gravatinha e disse «numa gala de desporto, o aquecimento tem de ser em fato de treino». Foi este o início da nossa relação e, tal como todas as relações que correm bem, quando te aceitam como tu és logo de início, não há maneira de correr mal. Tenho uma relação bastante pessoal com muitos dos membros da FADU e até com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, que faz sempre questão de marcar presença, cumprimentamo-nos e às vezes até vamos comer qualquer coisa. Até porque a alimentação também é uma parte importante do desporto!’

João Paulo Sousa, apresentador da gala FADU em 2017, 2018 e 2019

 

 

'Em 2014, nos EUSA Games em Roterdão, no último jogo da fase de grupos - que decidia se a Universidade do Minho passava em 1º ou 2º do grupo - a nossa equipa chega com uma hora de atraso, devido a uma falha de comunicação entre a EUSA, Comité Organizador Local e equipa da UMinho. A equipa da Norwegian University of Science an Technology, apesar disto, aceita realizar o jogo e perdem por 20 golos de diferença. Nessa competição, a equipa do Minho sagra-se campeã europeia pela terceira vez e a equipa da Noruega recebe o prémio fairplay da EUSA, com elevada recomendação da Universidade do Minho. Na noite a seguir a esse jogo, paguei um copo à equipa norueguesa. A verdade é que se eles não quisessem jogar, estavam no direito deles, e nós teríamos sido desqualificados. Sabiam que eramos claramente superiores e candidatos a ganhar a competição. Foram fantásticos!'

Gabriel Oliveira, antigo treinador das equipas de andebol da AAUM/UMinho e selecionador nacional universitário de Andebol

 

‘O momento que mais me marcou e que não posso deixar de fora foi a nossa vitória frente ao Japão, na Universíada de Nápoles, que nos deu acesso ao pódio com a medalha de bronze. Foi um jogo muito emocionante e, em tantos anos de carreira por esse mundo fora, nenhum outro jogo se comparou a esse. Irá sempre ser um momento vivido com a FADU que nunca irei esquecer! A Inês Viana fazia anos e lembro-me de lhe termos cantado os parabéns e demos-lhe, em equipa, a melhor prenda de aniversário possível… a conquista das medalhas!’

Joana Soeiro, estudante-atleta que integrou a Seleção Nacional Universitária de Basquetebol nas universíadas de Taipé 2017 e Nápoles 2019

 

‘Eu e o Daniel Moura estávamos a caminho dos EUSA Games em Coimbra, e reparámos tarde que o carro estava com pouco combustível - a culpa seria do meu kayak, que terá aumentado o consumo do carro. Íamos em plena autoestrada, e não havia uma estação de serviço nos quilómetros de autonomia que o carro tinha, só podíamos abastecer numa estação da Galp e o GPS só dizia estações de serviço, sem discriminar por fornecedores. Íamos ficar apeados. Começamos a andar em ponto morto e algures em Fátima saímos da autoestrada e fomos rezar para não ficarmos a pé. Algures por lá encontramos uma Galp e não tivemos de empurrar. Foi um momento ironicamente religioso!’

Henrique Cerqueira, estudante-atleta de Canoagem pela NOVA

 

‘Lembro-me de uma história vivida enquanto estudante e membro da Direção da FADU em 1993, na Universíada de Buffalo.  Acabados de chegar à aldeia dos atletas, o Pedro Dias foi fazer a minha acreditação e a do professor Pedro Sarmento (U.Porto), viajamos juntos porque também íamos apresentar uma comunicação no congresso da FISU. Após a acreditação deram-nos um kit de ofertas com alguma informação, uma t-shirt e mais produtos de patrocinadores. Exploramos o que nos deram e arrumamos os haveres já no quarto, com destaque para uma embalagem de pasta de dentes tradicional - branquinha, tampa de enroscar e imagens coloridas a transmitir frescura - que foi logo para o quarto de banho, para dentro do copo ao lado do lavatório. Na manhã seguinte, tinha de sair cedo e apressei-me para o duche e para escovar os dentes com esta novidade. Quando abri a suposta pasta dentífrica senti um cheiro intenso a mentol, mas até aí tudo bem. Comecei a escovar os dentes e senti a boca a arder, mas acreditei até ao fim, pensei que fosse uma modernice americana. Mas não era. Tratava-se de um forte analgésico muscular. Fiquei com uma brancura notável nos dentes, mas com as gengivas e boca dormentes durante três dias. Por brincadeira não disse nada ao professor que, por solidariedade, também tinha de passar por essa experiência. O que nos rimos depois. Enfim, uma pequena aprendizagem que hoje me faz olhar de forma diferente e mais atenta para as embalagens.’

Fernando Parente, antigo membro da Direção da FADU e diretor do Departamento de Desporto e Cultura da Universidade do Minho, foi membro do Comité Executivo da FISU e atualmente é diretor do Healthy Campus da FISU

 

 

‘Decorria o ano de 1991 quando as associações fundadoras da FADU reuniram na sede da AAC para deliberar sobre os próximos passos da federação recentemente criada. O período de instalação estava concluído, seriam convocadas eleições para os órgãos sociais da FADU pela primeira vez. Nessa reunião participaram os presidentes das Associações Académicas/Estudantes e alguns elementos que integravam a comissão instaladora da FADU à data: eu, o Paulo Colaço, a Patrícia Liziário, o José Lucas e o Paulo Esteves, se a memória não me atraiçoa. Após acalorada discussão, os presidentes decidem que os membros da comissão instaladora presentes na reunião devem reunir nos próximos 30 minutos e apresentar uma proposta de constituição para a futura direção. E assim foi, saímos da sede da AAC, atravessamos a rua Padre António Vieira, conversamos na esquina em frente, e passados alguns minutos apresentamos uma proposta para a direção, que foi respeitada e que tinha o seguinte alinhamento: presidente Paulo Colaço (AAUTAD), vice-presidentes a Patrícia Liziário (SAD/AAL), o Paulo Esteves (AAC), o Fernando Vieira (AAUM), o António Luís Azevedo (FAP) e eu (AAUBI), e o tesoureiro foi o José Lucas (AAUAv).’

Pedro Dias, membro da comissão instaladora e presidente da FADU de 1993 a 1995, foi membro do Comité Executivo da FISU 

 

‘No ano de 2013 a FADU foi anfitriã da assembleia geral e da primeira gala da EUSA, tendo sido organizada no mês de março, na cidade do Funchal, ilha da Madeira. Para além da logística necessária à organização de uma atividade num território insular, fomos presenteados com os fortes ventos, normais na ilha nesse período. Quase todos os participantes foram presenteados com uma experiência única, repleta de adrenalina, na aterragem no aeroporto do Funchal. Vários tiveram os seus voos desviados para a ilha de Porto Santo, onde ficaram retidos várias horas, e outros tiveram de regressar a Lisboa e voltar num voo seguinte. Tenho a certeza de que a aventura, a beleza da ilha, a assembleia e gala ficaram na memória de todos os participantes.’

Bruno Barracosa, presidente FADU de 2010 a 2013 e membro do Comité Executivo da EUSA

 

‘As fases finais de 2011, em Coimbra, incluíram o Campeonato Nacional Universitário direto de voleibol de praia na Figueira da Foz. Era preciso preparar os campos e, na véspera, tivemos de esperar que a praia ficasse vazia e tal só foi possível à noite. Passamos a noite a escavar buracos para enterrar as “sapatas” dos postes e, para quem pudesse assistir de fora, era um espetáculo estranho. Noite cerrada, embora com iluminação, e meia dúzia de indivíduos de pás nas mãos a fazer buracos que mais pareciam sepulturas - tal era a dimensão e profundidade das covas. Na manhã seguinte, já com a luz do dia, percebemos que não tinha sido necessário escavar tão fundo, mas ficou a memória de uma noite diferente, com uma comissão organizadora da qual guardo excelentes recordações.’

Paulo Oliveira, funcionário da FADU de 2008 a 2019

 

‘Em julho de 2003, após a nossa participação no Europeu de futebol universitário que decorreu em Roma, e na viagem de regresso a Portugal, fomos surpreendidos pelo cancelamento do nosso voo e, durante a longa espera, eu e três colegas de equipa damos de caras com o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Metemos logo conversa e trocámos breves impressões. O professor, ciente da difícil vida de estudantes, ofereceu-se de imediato para ajudar e teve a amabilidade de oferecer a cada um de nós 20 euros. No dia seguinte – já não conseguimos voo naquele dia - regressávamos a Portugal no mesmo avião em que viajava a comitiva do SL Benfica, que tinha jogado para a liga dos campeões com a Lázio. O aparato de jornalistas presentes no aeroporto era enorme e uma vez que estávamos identificados com roupas alusivas a Portugal, demos uma entrevista que viria a ser publicada no jornal A Bola. Naturalmente contámos ao repórter a nossa experiência recente com o professor Marcelo. Uma jornalista de um jornal de Leiria pegou na notícia do jornal A Bola, adulterou um pouco os fatos, e fez a sua própria noticia com um título do género “Marcelo safa estudantes do Politécnico de Leiria”. Fomos chamados à administração do P.Leiria, sob pena de sermos punidos por tão difamadora notícia, e uma vez esclarecida e reposta a verdade, lá pudemos seguir com a nossa vida de estudantes, guardando na memória um episódio que ficou para a vida.’

Nuno Marques, estudante-atleta de futebol pelo P.Leiria

 

‘Ainda me lembro como se fosse ontem da experiência na Universíada de Taipé, em 2017. Atravessámos meio mundo para uma experiência única: uma semana no meio de atletas que ambicionam o melhor dos dois mundos. Foi um orgulho imenso poder fazer parte daquela comitiva de atletas de alto nível, e de atletas olímpicos como a Marta Onofre, o Rui Bragança e o Francisco Belo. Mais gratificante foi poder assistir às vitórias deles e festejar como se fossem minhas. No final, terminei num lugar de honra (7.º lugar), que me soube a um lugar no pódio, porque foi a minha primeira grande competição depois de ter passado por uma cirurgia ao ombro. Nunca me irei esquecer das nove horas de espera no aeroporto da China com a equipa de ginástica, da visita a um mercado típico, do cheiro desse mercado, das trocas de pins entre atletas das várias nacionalidades e da simpatia do povo taiwanês. Não me esquecerei também das novas amizades que surgiram naquela semana. O lema ganhar o futuro ainda hoje se mantém aceso!’

Mariana Esteves, estudante-atleta de Judo pela AEFMH e representou Portugal na Universíada de Taipé 2017

 

‘No ano 2018, no mês de dezembro, como acontece todos os anos há o CNU de light kick. Nesse ano a prova aconteceu na Covilhã. Como foi no sábado saímos do Minho na sexta-feira à noite e durante a viagem tudo correu bem. Porém, no dia da prova aconteceu um imprevisto. Acordámos, preparamo-nos e fomos para o autocarro e eis que o autocarro não pegou, talvez por causa do frio. Depois de algumas tentativas lá se conseguiu pôr o veículo a funcionar e conseguimos chegar a tempo das pesagens. Chegou a hora de voltar para casa, depois de vários combates e de conquistar medalhas. Vínhamos na viagem de regresso e eis que uma alma no autocarro em forma de gozo diz "imaginem se agora o autocarro ficasse sem combustível tão perto de casa". Parecia um presságio. A 200 metros da bomba de gasolina o nosso autocarro parou, ficou sem combustível. Já não bastava termos andado “à fruta”, ainda tivemos de sair todos do autocarro e ir empurrá-lo até à bomba para abastecer. Tudo porque o nosso motorista (com certeza!) nos queria proporcionar uma memória que nunca mais ninguém vai esquecer.’

Sofia Oliveira, estudante-atleta de Kickboxing pela AAUM

 

‘A história mais marcante foi sem dúvida o que aconteceu com a Seleção Nacional Universitária masculina em 2008, na Eslovénia, onde fomos campeões do mundo. Estávamos numa reunião de preparação de um jogo, e alguns jogadores verificaram que os adversários estavam a ouvir algumas das indicações que foram transmitidas pelo Selecionador Nacional Universitário, Orlando Duarte, através de uma janela da sala de reuniões. Por iniciativa deles, alteraram a sinalização de todas as situações estratégicas que estavam preparadas. Durante o jogo, nós os treinadores, ficámos perplexos pelo facto de não conhecermos a “sinalização” de determinadas jogadas! Tinham alterado tudo, de forma que o adversário não conhecesse o que eles iriam fazer em cada momento do jogo. O certo é que resultou, e fomos campeões do mundo. A cumplicidade entre todos naquela equipa era fantástica. Quando funcionamos todos para o mesmo lado, o resultado é óbvio! Parabéns à FADU pelo trigésimo primeiro aniversário! Sou um privilegiado por ter feito parte do percurso e pela oportunidade de estar em tantos momentos importantes do desporto universitário.’

Jorge Braz, Selecionador Nacional de Futsal (fez parte de várias equipas técnicas e é também selecionador das Seleções Nacionais Universitárias de Futsal)

 

‘A FADU surgiu para mim no ano de 2009, ano de caloiro de Ciências do Desporto da UBI, e desde então marcou e mudou a minha vida desportiva, enquanto atleta e treinador, o seu lema "I am a sports lover" cada vez se encaixou mais em mim. Participei em competições de várias modalidades, como badminton, triatlo, xadrez, entre outras, mas foi no atletismo e no tiro ao alvo que me destaquei. Na marcha somei 12 títulos de campeão nacional em seis anos e obtive um recorde nacional universitário. Foi a minha rampa de lançamento para estar entre os melhores atletas nacionais federados dessa disciplina. A minha primeira prova de 10 mil metros marcha foi através do desporto universitário, muito para dar pontos à equipa, e acabei com muitas dificuldades em 1h18m em 2011. Em 2015 estabeleci o recorde nacional com o tempo de 44.54m. A FADU ajudou a impulsionar o desporto na minha vida e de muitos estudantes da UBI que se cruzaram no meu caminho. Parabéns e que continue a influenciar desportivamente muitos estudantes!’

Amaro Teixeira, estudante-atleta de marcha e tiro pela AAUBI

 

‘Quero parabenizar a FADU e agradecer todos os anos que passamos juntos, todas as aventuras que partilhámos. Foi um grande privilégio representar o desporto universitário ao mais alto nível. De entre muitos momentos que vivemos juntos, desde estágios, treinos e jogos, recordo-me de quando no mundial universitário de 2014, em Antequera, organizámos uma claque comandada pelo Tiago Brito, para apoiarmos a equipa feminina. A meio do jogo das meninas entramos no pavilhão todos a cantar em alto e bom som, surpreendendo todos os que estavam naquele recinto desportivo. Tornou-se um hábito e sempre que podíamos lá estava a claque organizada a puxar pela Seleção feminina. Parabéns FADU e que continuem o excelente trabalho que têm feito pelo nosso desporto!’

André Coelho, estudante-atleta de futsal pela AAUM e integrou a Seleção Nacional Universitária de Futsal no Mundial de Antequera 2014

 

 

‘A nova sede da FADU era um desejo antigo, de várias gerações de dirigentes e colaboradores. Lembro-me de ser eleito para a FADU em 2015, com a promessa de uma nova sede. Vários históricos desta “família” (ex-dirigentes, atuais e ex-colaboradores) acharam até alguma piada, quase como um “lá vem mais um, prometer o que todos prometeram”. Em 2017, no fim do meu primeiro mandato, passado num ápice e quase sem dar por ela, dou por mim a pensar que já compreendia o porquê daquelas pessoas, lá atrás, me terem avisado. Entro então para o meu segundo mandato a pensar, “bem, uma promessa por cumprir... aceita-se, agora não posso falhar a segunda”. E recordo-me de comentar até com alguns colegas e colaboradores da FADU “ou é agora, ou nunca. Portanto vai ter mesmo de ser!”. E assim foi, com o esforço e perseverança de todos, lá se conseguiu inaugurar um novo espaço, completamente reabilitado, que deixou todos quantos sentem esta casa como sua, verdadeiramente realizados.’

Daniel Monteiro, presidente da FADU de 2015 a 2019

 

‘Houve uma época em que fomos para Faro, aos apuramentos, e tínhamos alguns alunos de erasmus da Polónia e da Croácia. O facto de termos pessoas que tinham dificuldade em comunicar fez com que nos esforçássemos mais para sermos um grupo bem-disposto e unido, afinal também queremos passar uma boa imagem de Portugal e do nosso povo. Na noite em que chegamos fomos dar uma volta pela cidade. Acabamos por nos perder e fomos ter a um bar de karaoke que só tinha espaço para estar de pé se estivéssemos a cantar, caso contrário teríamos de estar sentados. Vinte pessoas que não tinham muito à vontade entre si, algumas que tinham chegado doutro país há poucos dias, todos apertados num bar escuro, à espera que alguém ganhasse coragem para ir cantar. O professor Vicente lá tomou a iniciativa, pegou no microfone e depois disso já ninguém queria ir embora, já todos cantavam e não havia barreiras linguísticas nem culturais. No dia seguinte, ganhamos o nosso primeiro jogo contra a AAUAv e voltamos para Vila Real numa viagem de sete horas, que foi bem mais divertida do que a da ida para Faro.’

Mauro Oliveira, estudante-atleta de voleibol pela AAUTAD

 

‘A minha história é a história da nossa equipa FADU. Não havia uma semana que passasse que não tivéssemos uma para contar, daquelas de fazer doer a barriga. A panóplia de histórias começou logo na primeira viagem. Saíram do norte - rumo a Lisboa - num dos comboios da CP em que alguns tiveram a ótima ideia de sair numa das paragens para fumar o seu cigarrito. A verdade é que, nem as buzinas dos comboios foram suficientemente fortes para eles perceberem que iam ficar pelo caminho. Quatro ficaram pendurados em Lisboa, um outro chegou já depois, e só bem mais tarde se reuniu a equipa toda. Quando se juntava o resto da equipa, aquela que marca presença de geração em geração e já faz parte da mobília, as histórias eram ainda mais hilariantes.’

Filipa Godinho, presidente da FADU de 2013 a 2015

 

‘O professor Pedro Lynce foi chefe da missão à Universíada de Pequim 2001, onde fui medalha de prata. Fiz a volta à pista com uma bandeira, que lhe dei no final. Mais tarde, em 2017, quando fui chefe de missão em Taipé, ele fez questão de ir à cerimónia de apresentação da missão e entregou-me a bandeira assinada por mim e eu já não me lembrava que lhe tinha dado a bandeira. Ele contou-me a história, disse-me que seria o completar de um ciclo, que fazia questão de me entregar a bandeira e desejou-me muito sucesso na missão. Levei-a comigo e cada vez que ganhamos uma medalha fiz questão de agarrar a bandeira e pensar em tudo isto.’

Susana Feitor, medalha de prata na Universíada de Pequim 2001 e chefe de Missão às universíadas de Taipé 2017 e Nápoles 2019

 

 

‘A minha experiência profissional com a FADU iniciou-se em 2003 na Universíada de Daegu, na Coreia do Sul e foi um momento fantástico. Sendo este o primeiro, relembro dois aspetos que nem a eventualidade de vir a sofrer de alzheimer me vai fazer esquecer! Primeiro foi o facto de na aldeia dos atletas termos ficado ao lado da comitiva norte-americana, onde não passava despercebido o tamanho dos atletas. Havia um do polo aquático que para entrar nas portas, para além de ter de se baixar, tinha de entrar de lado porque a largura dos ombros era tal que não conseguia de outra forma. Depois recordo que, numa das raras saídas da Seleção de voleibol pela cidade, paramos para almoçar no Mc Donald’s. Foi o caos… e porquê? Os funcionários que estavam a atender não falavam inglês, nós não falávamos nada de coreano, e pedir os menus estava a ser impossível. Impossível até que um dos nossos atletas saltou o balção – saltou mesmo – e chegou os painéis dos menus, apontando com o dedo o que pretendíamos comer e as quantidades. Foi ver os funcionários todos aos gritos e a fugir e nós às gargalhadas! E a verdade é que resultou, saímos de lá bem servidos, satisfeitos e ainda deixamos de sorriso estampado quem la trabalhava, pela situação inusitada. Foi hilariante e ainda hoje esboço um sorriso quando vou ao Mc Donald’s e me lembro disso.’

Daniel Cunha, membro da equipa médica em sete universíadas

 

‘Lembro-me em 2018 de estarmos em Almaty, no Cazaquistão, e de fazermos a volta olímpica de apresentação das seleções dos vários países. No início do cortejo, quando entramos no pavilhão, estavam cerca de 12 mil cazaques aos berros num pavilhão enorme, algo que a mim e à restante comitiva nos marcou logo bastante porque nunca tínhamos estado num pavilhão com tanta gente. Nesse mundial conseguimos uma boa participação porque acabamos em quarto lugar e a equipa feminina ganhou o bronze. Mas o que me marcou mais aconteceu no dia da cerimónia de encerramento, quando regressamos ao hotel, que era muito grande e tinha também um hall gigante. Quando entrámos – equipa feminina e masculina de Portugal – estava a decorrer uma batalha de cânticos entre algumas seleções e para assinalar a nossa chegada - e em jeito de provocação - começaram a cantar que o Cristiano Ronaldo não prestava e tal. Eu, como já tinha feito esse papel dois anos antes – no mundial do Brasil – assumi um pouco o lugar de líder da claque e foi um momento incrível porque, todos juntos, calámos todas as equipas que estavam no hall e dominámos a cantar por Portugal. Foi um momento incrível e uma demonstração de força e poder de Portugal, sempre num clima pacífico e que se tornou num dos momentos mais alegres daquele mundial.’

Manuel Mesquita, estudante-atleta de Futsal pela AEUEuropeia e integrou a Seleção Nacional Universitária de Futsal no Mundial de Almaty 2018

 

‘Infelizmente não posso partilhar nenhuma história pessoal de idas a universíadas porque sou secretário de Estado da Juventude e do Desporto desde 2016 e falhei as universíadas de 2017 e de 2019, a primeira em Taiwan e esta mais recente, em Nápoles. Infelizmente por motivos de agenda ou constrangimentos diplomáticos não pude estar presente e por isso são histórias de arrependimento. Mas depois tenho histórias de grande orgulho. Lembro-me do que foi em 2018, Coimbra ter sido anfitriã dos Jogos Europeus Universitários. E que grande orgulho foi para todos nós, para todo o País, particularmente para o desporto nacional, ter cá esse evento que foi só – e sublinho o só com ironia – o evento multidesportivo alguma vez organizado no nosso País. Mas as histórias que contam e que valem a pena são as dos estudantes universitários que têm trazido tantas alegrias ao nosso País. Eles, conciliando a vida académica e a vida desportiva, têm sabido estruturar tão melhor as suas vidas, com essa conciliação frutuosa que nós no governo muito promovemos. Longos e longos anos de vida à FADU e muito obrigado por todo o vosso trabalho.’

João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto

 

‘Há recordações e momentos que sempre ficam para a vida, e com a FADU tenho imensos, associados sempre a sentimentos e emoções como rir muito ou até chorar. Desde abraçar uma árvore com centenas de anos, a cozinhar kimchi, a provar lulas secas oferecidas por um vendedor de rua ou competir debaixo de um temporal. Mas a melhor talvez tenha sido - por ser triste, feliz e magnífica ao mesmo tempo - em Taipé. Lesionei-me uns dias antes de competir na universíada, o que não me permitiu ir à cerimónia de abertura, nem fazer uma vida normal naquele contexto. Tive de tomar decisões difíceis, mas no final o esforço resultou numa medalha de ouro no lançamento do peso, para mim, para a FADU e para Portugal! Parabéns à FADU pelos 31 anos magníficos a criar momentos inesquecíveis. Obrigado a todos as pessoas que caminharam comigo em todos estes momentos. Obrigado FADU!’

Francisco Belo, estudante-atleta de Lançamento do peso pela AEFML/ULisboa, e medalha de ouro na Universíada de Taipé 2017

 

 

'Na universíada de Pequim (2001), num dos momentos de convívio da delegação, surgiu o repto aos oficiais da delegação (dirigentes, treinadores e staff médico) de não utilizarem os transportes da organização, desde o local da competição até ao alojamento, sempre que Portugal ganhasse uma medalha. E assim foi com o atletismo, os nossos atletas ganharam duas medalhas e os oficiais da delegação definiram o dia do “cumprimento do repto”. Por solidariedade, todos os oficiais e atletas que estavam disponíveis nesse dia fizeram o percurso de cerca de 30 minutos de corrida, mas a nossa surpresa foi surgir uma escolta de motas da polícia para nos acompanhar poucos minutos depois de iniciarmos a nossa corrida. Inesquecível!'

Pedro Kay, primeiro profissional e secretário-geral da FADU de 1992 a 2000

 

‘Depois de realizarmos cerca de 750 km de Vila Real a Faro, para competir no apuramento, os árbitros de voleibol não nos queriam deixar jogar porque os atletas tinham meias de cores diferentes. Depois de realizarmos um esforço enorme, de só podermos levar sete atletas de cada equipa por dificuldades financeiras, íamos perder porque os atletas não tinham meias iguais. Tínhamos saído às duas da manhã para não gastarmos dinheiro em alojamento e aluguer de carros e íamos perder por causa de… meias! Para evitar tal coisa, tivemos de ir comprar uns quantos pares iguais à feira que estava ali ao lado e acabamos por jogar. As histórias e amizades que tenho realizado ao longo de 28 anos no desporto universitário trouxeram-me riqueza humana, desportiva e cultural, enquanto jogador e treinador.’

Paulo Vicente, treinador das equipas de voleibol da AAUTAD

 

‘Em 2012, a grande equipa que representava AAUAv ganhou o Campeonato Nacional Universitário, apurando-se assim para os Jogos Europeus Universitários em Córdoba, onde aconteceu este episódio caricato. Num dia de convívio pelas ruas da cidade espanhola, conhecemos um senhor muito simpático, com o qual criamos uma certa afinidade e a quem convidamos para assistir a um jogo nosso, que se realizaria na manhã seguinte. O homem, como prometido, apareceu no jogo de direta, após uma noitada. No fim do jogo o senhor dirigiu-se a mim a dar-me os parabéns, a dizer que era muito rápida e que num piscar de olhos conseguia estar em espaços diferentes do campo. Disse ele, nunca tinha visto nada assim. Fiquei admirada porque não achei que tivesse tido uma prestação assim tão boa. Mais tarde é que nos apercebemos que ele não reparou que eu tinha uma irmã gémea em campo, e durante todo o jogo pensou que fossemos apenas uma!’

Ana Ipinoza, estudante-atleta de basquetebol pela AAUAv

  

‘Em 1996, no Campeonato Mundial Universitário de Andebol da Hungria (Nyíregyháza), a comitiva de Portugal partiu no final de dezembro e teve de ficar um oficial que seguiria viagem apenas dois dias depois, para levar o dinheiro das inscrições, cuja verba só seria libertada pela secretaria de Estado nessa altura. Coube-me a mim essa tarefa. Tudo combinado, viagem marcada para Budapeste e depois viajaria de carro para Nyíregyháza, cerca de 250 Km. As condições atmosféricas vieram atrapalhar um pouco os planos. Houve um grande nevão em Budapeste, o voo atrasou-se, a aterragem em Budapeste só aconteceu por volta da meia-noite e com três metros de altura de neve, estava tudo fechado e as estradas cortadas. A solução foi dormir em Budapeste e tentar fazer depois a viagem de comboio. Ninguém falava inglês, mas lá consegui explicar ao revisor que queria sair em Nyíregyháza. A certa altura achei que ele se teria esquecido e que eu já teria passado a minha paragem, quando ele aparece e me explica em húngaro que eu teria que sair na paragem seguinte. A viagem durou oito horas e no final, uma grande aventura para contar!’

Carlos Magalhães, membro da Comissão Médica Internacional da FISU

 

'A minha história remonta a 1992,  quando pela primeira vez participei numa assembleia geral da FADU. O então presidente da Associação de Estudantes da Universidade do Algarve, Ernesto Jardim, delegou em mim a representação da AE e mandou-me comprar o bilhete de avião Faro-Porto-Faro porque tínhamos 50 por cento de desconto com cartão jovem. Após a assembleia, fomos jantar, tendo os colegas de Lisboa da FADU e da SAD/AAL (Pedro Kay e Rui Ribeiro) problema em regressar no próprio dia devido a uma greve dos autocarros. Então, a seguir ao jantar decidimos ir ao aeroporto comprar os bilhetes de avião Porto-Lisboa para o dia seguinte. Quando lá chegámos já era tarde, o aeroporto estava mesmo a fechar e disseram-nos que podíamos comprar os bilhetes logo pela manhã (às seis horas), antes do voo. Os seguranças de serviço deixaram-nos ficar a dormir no aeroporto e já não regressámos à cidade. Pela manhã acordámos com os serviços de limpeza do aeroporto e lá seguimos viagem.'

Filipe Santos, presidente da FADU de 1997 a 1999 e secretário-geral de 2002 a 2004, antigo membro do Comité Executivo da EUSA

 

‘Em julho de 2016, durante os EUSA Games Zagreb-Rijeka, e depois de vermos o jogo da final do Euro 2016 numa das praças centrais de Zagreb, eu e o Manuel Veloso fomos receber a comitiva do Politécnico do Porto. Como estavam a viajar de avião, festejaram o título europeu no ar! Disseram-nos que o piloto informava constantemente sobre o resultado e no fim foram brindados com garrafas de champanhe oferecidas pela tripulação. Já no centro de Zagreb começamos rodeados de franceses que não pararam o jogo todo de nos hostilizar com gestos e cânticos. Após os 90 minutos, eu e o Manuel decidimos ver o prolongamento numa tenda mesmo junto à praça, com menos gente. Poucos minutos depois percebemos que estava mesmo ao nosso lado um grupo de portugueses já com alguma idade. Foi com eles que gritamos o golo do Éder, antes de voltarmos para a zona do ecrã gigante onde, curiosamente, já poucos eram os franceses. Momentos certamente inesquecíveis que o desporto universitário proporciona! A humildade de Portugal e a elevação no momento da vitória também esteve presente em Zagreb.’

André Reis, presidente FADU

 

 

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