Paulo Ferreira em entrevista
2006-07 foi o ano em que Paulo Ferreira exerceu funções como Presidente da FADU. O lugar ocupado “abriu portas” ao convite da Federação Internacional de Desporto Universitário (FISU), onde trabalha desde então. Recentemente, Paulo Ferreira foi promovido a diretor dos Campeonatos do Mundo no âmbito da FISU.
FADU: Depois de ter desempenhado as funções de Presidente da FADU, foi convidado pela FISU para continuar o seu trabalho no âmbito do Desporto Universitário Internacional. Como tem sido a experiência?
Paulo Ferreira: No seguimento do mandato na FADU, surgiu a oportunidade de trabalhar na FISU e tem sido uma experiência fantástica, a todos os níveis. A FISU trabalha no mesmo âmbito que a FADU, mas com alcance compreensivelmente diferente. O facto de ter acesso a muitas competições e diferentes culturas tem sido muito enriquecedora. Por coincidência, entrei na FISU numa altura de grande progresso e crescimento da organização e isso foi excelente. Comecei no Departamento Desportivo em Bruxelas e meio ano depois, passei para Lausanne como Assistente Executivo do novo gabinete da FISU na Suíça. A mudança na organização, com a passagem da sede para Lausanne, e o trabalho que desenvolvi ajudaram a que fosse proposto como Diretor dos Campeonatos Mundiais Universitários. Em resumo, claramente uma experiência fantástica.
FADU: Como diretor dos Campeonatos do Mundo no âmbito da FISU, o que muda e como encara o desafio?
PF: A passagem para Diretor dos Campeonatos do Mundo Universitários (CMU) veio no seguimento do trabalho que desenvolvi na FISU e no seio do desporto universitário mundial. O facto de conhecer bem a realidade dos CMU desde os tempos da organização de competições na Universidade do Minho, bem como os projetos que desenvolvi nas várias funções que desempenhei, posicionaram-me de forma favorável para assumir o cargo. Naturalmente, encaro o desafio com um elevado sentido de responsabilidade pois entendo a área dos Campeonatos Mundiais Universitários como o de maior potencial para desenvolvimento. A cobertura e alcance dos Campeonatos do Mundo Universitários orientado às federações membro da FISU, assim como às federações desportivas internacionais, dão um papel fulcral a este Departamento no que toca a relações institucionais e públicas. Da mesma forma, a título pessoal, sinto-me honrado por ver o meu trabalho a ser reconhecido, e julgo os desafios muito interessantes.
FADU: Quais são, no seu entender, o ponto de situação atual e as perspetivas de futuro e desenvolvimento do Desporto Universitário a nível internacional e especialmente a nível de Portugal?
PF: No meu entender, o desporto Universitário está num momento de crescimento como nunca visto na história. Desde logo, a reorganização interna da FISU vai consolidar o posicionamento institucional entre as organizações pares e isto vai claramente refletir-se nos seus eventos, bem como nas federações nacionais universitárias. As dificuldades financeiras que cada vez mais se sentem na área do desporto irão obrigar a uma espécie de “seleção natural”. Apenas os melhores sobreviverão e isso fará com que o desporto seja encarado de forma distinta no que concerne à gestão e administração.
Em Portugal prevejo semelhante desenvolvimento, ou seja, cada vez a atenção mais será centrada nos bons exemplos. A FADU tem tido um percurso notável nos últimos anos, arrisco-me mesmo a dizer que, comparativamente é bem capaz de ser a federação desportiva nacional com maior sucesso desportivo. E isto assenta unicamente no trabalho feito internamente, a nível da organização de eventos e na estrutura de gestão, bem como nos modelos políticos e desportivos adotados. Apenas receio que este trabalho não seja, em primeiro lugar, devidamente reconhecido a nível nacional, e em segundo lugar, que não seja aproveitado pelas federações e estruturas parceiras da FADU. A meu ver, conhecendo bem as realidades que existem a nível mundial, é por vezes difícil compreender a “distância” que existe entre as organizações. Sem dúvida alguma, a FADU é das melhores estruturas desportivas universitárias no seio dos membros FISU e é sem dúvida agradável ver esse reconhecimento a nível internacional, tanto da parte da FISU em si, como de organizações pares que procuram desenvolver modelos semelhantes ou baseadas na estrutura da FADU. O presente da FADU é uma garantia de qualidade. O futuro será definido pelo reconhecimento dessa qualidade em Portugal.